O que leva um texto a não ser aprovado pela editora?
É bem verdade que ter o texto rejeitado por uma editora pode acabar balançando a autoestima de um escritor, fazendo com que se questione quanto a sua própria habilidade. Aí fica aquela dúvida: meu texto não foi aprovado, será que sou horrível?
Nenhum texto é tão horrível que não possa ter salvação, mas, na verdade, cada caso é um caso, e é preciso muito mais objetividade que humildade para entender qual é o seu – e a linha, meus chegados, é muito tênue.
Também há uma questão muito específica: o que as editoras procuram? Neste post, vamos conversar um pouquinho sobre coisas que fazem com que, de cara, um texto não seja aprovado.
Gênero incompatível
Essa é a regra mais básica e que, pasmem, muita gente deixa passar batido. Ao enviar um texto para análise, procure ver se o gênero da sua obra está nivelada com o que a editora procura. Se, por exemplo, o edital procura obras de gênero cômico, você não pode enviar um drama familiar e esperar que o texto seja aprovado.
Descuido com a narrativa
Escrever não é nenhum bicho de sete cabeças, mas também não devemos balizar o ofício: há uma imensa diferença entre escrever uma frase que faça sentido e desenvolver uma narrativa coerente que engaje seus leitores, podendo, assim, suscitar diversos sentimentos – sentimentos esses que VOCÊ almeja causar através de sua escrita. Há um objetivo para cada palavra no texto.
Veja bem: você não precisa ser uma Maria Aparecida Paschoalin da vida, mas também há de se ter o mínimo de cuidado com a sua maneira de escrever uma história – erros gramaticais, frases sem a menor pontuação e incoerências da narrativa diminuem em muito suas chances de ter o texto aprovado.
Ao terminar o seu texto, pergunte-se: se eu não fosse o autor desta história e a estivesse lendo, o que eu escrevi faria sentido?
Personagens perfeitos... e completamente chatos
Sejamos sinceros: todos nós temos aqueles personagens John Doe e Mary Sue que amamos, mas é verdade que há muito esses arquétipos de perfeição deixaram de engajar leitores. Hoje, procuramos nos identificar com personagens: seja por seu corpo fora do padrão, seus modos nada convencionais ou seus defeitos que os tornam mais humanos.
Mesmo que sua heroína salve o continente, ela ainda é humana, ainda sangra, acorda com mau hálito e pode ter alguma mania estranha. Se seu personagem é o epítome de perfeição e não se desenvolve ao longo da narrativa, como poderíamos nos ligar a ele?
Nesse momento, você me pode dizer “mas, Micaela, meu texto parece estar ok e, ainda assim, não foi aprovado. Sou uma fraude?” Não. Se seu texto não encontrou casa numa editora, continue tentando: ele pode encontrar abrigo em alguma outra. Mantenha em mente que você já é vencedor por ter terminado uma história, mesmo que ela não seja perfeita.
Edite, faça melhorias, o que achar que deve, e a coloque no mundo. Mesmo que doa, algumas rejeições servem para nos ajudar a melhorar uma obra – outras, apenas para fazer com que continuemos tentando.
Muitas obras que hoje são sucesso mundial foram rejeitadas inúmeras vezes, então, tenha a mente aberta para saber o que melhorar no seu texto, mas não deixe de tentar. Alguém quer ouvir sua história.
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