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Reflexões sobre a #eupagueiaeditora

Atualizado: 6 de out. de 2020

Semana passada rolou no Twitter uma movimentação muito forte por causa da #eupagueiaeditora. E, disclaimer aqui: eu não estou aqui para falar mal ou diminuir o modelo de negócio de ninguém, ok? É só que todos os relatos me fizeram refletir e eu gostaria de dividir os meus pensamentos com vocês.


Primeiro, pessoas dispostas a se aproveitarem dos sonhos de outras pessoas existem aos montes no mundo, mas, de alguma forma, eu meio que considerava o mundo literário um espaço à parte, em que – talvez – as pessoas fossem mais humanas do que em outros espaços do mercado. Engano meu. Tudo bem. Seguimos.


Agora que já estabelecemos que gente ruim tem em todo lugar, precisamos falar que também existem muitas pessoas boas. Muitas mesmo. Me atrevo a dizer que existem mais pessoas boas do que ruins no mundo (ou eu gosto de pensar assim). Só parece que as ruins prevalecem porque notícia ruim vai mais longe.


E, então, voltamos a hashtag. A Letícia Black (@_LeticiaBlack no Twitter) puxou o fio se perguntando sobre histórias de autores que pagaram para serem publicados e as respostas foram das mais variadas, mas a maioria delas tocava no mesmo ponto: a insatisfação que os autores sentiram com esse tipo de serviço.


Muitos desses relatos pareciam histórias de terror, pessoas que investiram todas as suas economias em um sonho e se viram desamparados, pessoas que investiram mais do que as suas economias porque acharam que esse era um meio de fazer a sua carreira deslanchar e muitos outros que comentaram sobre as histórias sendo postadas.


Se vocês quiserem ver todos os relatos, entrem no Twitter e pesquisem a hashtag. A maioria dos tweets ainda estão lá e, caso você seja um autor pensando em pagar para publicar, vale a pena ler se a editora que você está sondando não foi apontada por ninguém.


E aqui começa a minha reflexão. Existem muitos autores no Brasil, muito mais autores do que as editoras podem/querem publicar. E, sim, é muito difícil chamar a atenção de uma editora tradicional para que eles publiquem o seu livro, mas, talvez, pagar para publicar também não seja a melhor solução.


A maioria dos relatos que eu vi falavam sobre como as revisões de texto não eram feitas ou mais serviam para acrescentar erros ao texto do que retirá-los, sobre como a parte de design é fraca e simples, sobre como o marketing é inexistente e, quando existe, depende de mais investimento financeiro do autor, sobre como as editoras deixam os livros parados, sem propaganda, sem enviar para os pontos de venda, sem dar satisfações para os autores, sobre como a maioria dos autores nunca nem viu os relatórios de vendas dos livros e, muito menos, o seu pagamento pela venda destes.


E, então, comecei a me perguntar sobre como deixar a vida desses “negócios” um pouco mais difícil. O problema é: eu não tenho como. Mas você, autor que quer pagar para publicar, tem! Com uma pesquisa de cinco minutos no Google você acha as mais variadas informações. Assim, antes de assinar com alguma editora, pesquise o nome dela e a palavra “reclamações”. Você vai se surpreender com a quantidade de pessoas que postam suas reclamações nas redes sociais, mesmo que não postem diretamente nas plataformas das editoras. Outra pesquisa que você pode fazer, e essa vai demorar um pouco mais, é saber quem já publicou com essas editoras. Entre nas redes desses autores, pergunte o que eles acharam (sempre com muita educação e consideração pelo profissional, ok?), pergunte sobre a experiência dessas pessoas. Tenho certeza de que muitos autores são super acessíveis e responderão suas perguntas com toda a atenção (se não houver algum contrato que os impeça de falar sobre).


Sempre exija a assinatura de um contrato! E consulte um advogado sobre os termos do contrato que você está assinando. E, sim, aqui estou assumindo que, se você tem não-sei-quantos-muitos mil reais para investir em publicação paga, você gostaria de reservar uma parte desse investimento para assegurar a validade legal de um documento importantíssimo em qualquer processo de prestação de serviço.


No fim das contas, a “solução” que eu achei foi só uma: pesquise, pesquise, pesquise. Sempre! Antes de fechar qualquer negócio! E, isso é importante, lembre-se sempre de que esse é o seu sonho, mas analise todas as oportunidades como um negócio: para construir uma casa você gostaria da melhor equipe, certo? Então por que você vai se contentar com algo que não é o melhor para investir no seu sonho?

Ps: Eu tenho CERTEZA de que existem editoras que trabalham com publicação paga (vanity press, caso você esteja interessado no nome) e são sérias e comprometidas a fazer o melhor serviço possível. Inclusive, se você é um caso de sucesso, conta aqui para a gente e já fica de indicação para futuros autores.

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